Mesmo com a internet, "Cinema para adultos" de Paris se mantém de portas abertas; Confira

Mesmo com a internet, "Cinema para adultos" de Paris se mantém de portas abertas; Confira
Diário 24 Horas
Por Diário 24 Horas

Mesmo com milhões de sites pornográficos gratuitos mostrando sexo de todos os gostos e formas, o cinema "Le Beverly" em Paris, na França, se recusa a fechar suas portas, e resiste a era da web. O dono se vê orgulhoso de ver o último cinema exclusivamente pornográfico do país, ainda ativo, e colocando na telona uma verdadeira variedade de “clássicos” para uma clientela frequente e fiel.

Na programação encontram-se películas em 35 mm datadas em sua maioria nos anos 1970, e também produções mais novas, estratégia que atrai cerca de 700 pessoas por semana, muitos espectadores, visitadores regulares do local.

Em entrevista o dono do cinema, Maurice Laroche, que administra o local há cerca de 30 anos, relembra da época de sucesso e popularidade dos cinemas dedicados ao sexo em Paris, quando segundo ele, a área dos Grands Boulevards de Paris era cheia de "concorrentes".

"Há clientes que conheço desde que cheguei aqui, há cerca de 30 anos. Acompanhamos a vida profissional deles, reformaram-se e, já que somos todos da mesma idade, eles preocupam-se com o Le Beverly, uma vez que é o último - quase não lucrativo – cinema. Questionam-se se vai desaparecer ou não", diz ele, que com a evolução mais do que rápida da internet e da pornografia "à la carte", viu os números de seu negócio caírem em velocidade espantadora, com atualmente menos de 1000 espectadores por semana se comparado com os números registrados . 15 anos.

Os numerosos sex shops da Cidade da Luz não substituem, segundo Laroche, o senso de comunidade no cinema, onde muitos clientes construíram amizades ao longo dos anos. "Esses clientes encontram outros no cinema que conhecem há muito tempo, e com quem passaram a dar-se bem. Muitos encontram-se ao meio-dia para um pequeno almoço antes de vir para o Le Beverly para fazer a digestão", acrescentou.

Laroche ainda aponta que cerca de 700 clientes, quase que exclusivamente homens, regressam todas as semanas ao cinema, estimando a idade média dos espectadores em torno dos 60 anos, e embora continue dizendo que assistiu a apenas dois ou três filmes do gênero em toda a sua vida, o proprietário revela que foi para o "Le Beverly" no intuito de dar uma "virada" em sua carreira e acabou por comprar o lugar ainda em 1992.

Os filmes são exibidos continuamente e a sala, composta de 120 cadeiras, fica geralmente mais lotada por volta das 15h. Laroche diz que o horário incomum se deve à idade de sua clientela, cada vez mais envelhecida, e que tem pouca disposição para enfrentar o metrô à noite.

O pequeno ingresso azuiL custa 12 euros, mesmo valor que custava há cerca de 6 anos, e segundo o proprietário é uma "pechincha" exatamente por isso. Os rolos de filmes são entregues uma vez a cada 15 dias pelo seu fornecedor, de quem ele agora é o único cliente.

Laroche não é muito otimista e diz não ver futuro no "Le Beverly" depois de sua reforma, mas se contenta pois até momento, a presença fiel de seus espectadores tem ajudado a manter o "Le Beverly" de portas abertas e telas em funcionamento.

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