"FLIP 2014": Millôr Fernandes é relembrado por amigos e colegas de profissão em festival

"FLIP 2014": Millôr Fernandes é relembrado por amigos e colegas de profissão em festival
Carol Souza
Por Carol Souza

Nesta sexta-feira (1º) a "FLIP" se iniciou com um nome sendo relembrado. Em uma divertida conversa entre amigos e colegas de profissão, o jornalista Sérgio Augusto e os cartunistas Claudius e Cássio Loredano, foram contadas histórias e citadas ideias de Millôr Fernandes, grande homenageado da edição 2014 do Festival de Literatura de Paraty. A mediação foi realizada pelo jornalista Hugo Sukman.

"Minha relação com Millôr é antiga, começou antes mesmo de conhecê-lo. Na minha casa todos liam as revistas "Cruzeiro" e "Pif Paf". Os desenhos de Millôr foram um choque nos anos 1940, 1950. Era uma coisa inteiramente nova o que ele fazia", disse o cartunista Claudius.

E continuou: "Eu tinha uns 17 anos. Ficava observando os grandes trabalhando. Um dia o Péricles, que ilustrava a página do Millôr, disse que tinha um encontro e me ele me pediu para passar o nanquim no desenho já havia feito. Ficou horrível. Isso resultou numa briga entre o Millôr e o Péricles. A partir daí o Millôr começou a ilustrar a própria coluna. Fui o inventor do Millôr", recordou Claudius, que revelou que foi apenas no final dos anos 1950 que  conheceu o grande ídolo na Redação da revista "O Cruzeiro", no Rio, provocando gargalhadas no público presente.

"Bom, é mentira, ele já desenhava antes disso, mas a história é boa", completou, também aos risos.

Sérgio Augusto afirmou também ter crescido lendo as obras de Millôr, e durante o bate-papo contou que os dois se tornaram íntimos durante o período do"Pasquim", principal jornal de humor do país, no começo dos anos 1970.

"Ele é impressionante. Perdeu os pais muito cedo, passou muitas dificuldades, se fez sozinho. Era a pessoa mais inteligente que conheci. E nem tinha curso superior. Engraçado que as outras duas pessoas mais inteligentes que conheci, Paulo Francis e Ivan Lessa, também não fizeram faculdade. Bom, não estou querendo estimular ninguém", brincou ele, despertando novamente o humor da platéia.

Sérgio Augusto e Loredano organizaram o livro "Millôr 100 + 100: Desenhos e Frases" (IMS, R$ 50), coletânea de máximas e ilustrações do artista. "Não houve ninguém igual a ele. Não teve antecessor, nem sucessor", afirmou Loredano.

E em unanimidade, os três destacaram a liberdade e a independência política com que Millôr criticava os políticos e poderosos. Já próximo do encerramento da palestra, Sérgio Augusto relembrou as célebres críticas de Millôr aos romances de José Sarney, então presidente do Brasil, ainda nos anos 1980.

"Sobre o 'Brejal dos Guajas e Outras Histórias', ele escreveu: 'não se pode confiar o destino do povo ao homem que escreveu isso'", citou.

 

Com informações do Correio do Estado

Sobre o autor

Carol Souza
Carol SouzaAmante do cinema, dos livros e apaixonadíssima pelo bom e velho rock n'roll. Amo escrever e escrevo sobre o que amo. Ativista da causa feminista e bebedora de café profissional. Instagram: @barbooosa.carol
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