Zé Bonitinho deixa legado eterno para a comédia brasileira

Ator e humorista faleceu na manhã desta quinta, 26, aos 89 anos de idade

Zé Bonitinho deixa legado eterno para a comédia brasileira
Diário 24 Horas
Por Diário 24 Horas

Jorge Loredo, ou como muitos costumavam chamar, Zé Bonitinho, deixou boa parte do país mais triste na manhã desta quinta-feira (26), por volta das 6h30, mas sua morte deixa um legado histórico a futuras gerações que entrarão em contato com a arte, sobretudo a comédia. Esta ele sempre soube fazer, com sua maestria e carisma de sempre. Sua despedida aconteceu aos 89 anos, deixando familiares, fãs e amigos em estado de luto, mas com a certeza de que sua lembrança será eterna.

Internado há mais de um mês - desde 3 de fevereiro - no Hospital São Lucas, na Zona Sul do Rio, Loredo permanecia em estado grave, e apesar da morte, as causas ainda não foram informadas pela assessoria, hospital ou pelos familiares.

Topete esculpido com Gumex, bigode delgado, sobrancelhas arqueadas, olhar de conquistador e roupas extravagantes, ele mal entra em cena e já arranca gargalhadas da plateia do estúdio da extinta TV Rio, em 1960. Era a estreia de O Bárbaro, vivido pelo ator e humorista Jorge Loredo no programa "Noites cariocas", que serviria de matrix para o personagem Zé Bonitinho, o galenteator barato e exagerado que marcaria a carreira do artista carioca e a TV brasileira.

O Bárbaro foi rebatizado em homenagem a um conzinheiro que Loredo conheceu em um restaurante de beira de estrada que, por ser muito feio, era chamado de Zé Bonitinho. Os trejeitos do personagem foram inspirados em outra figura real, o Jarbas, um dos companheiros do jovem Jorge Loredo nas maratonas pelos bares da Praça Saens Peña, na Tijuca, onde nasceu.

— Ele tirava um pentezinho do bolso e ficava ajeitando as sobrancelhas e o bigodinho toda hora. Se passava uma moça, cantarolava um tango, um bolero... Fui captando esses trejeitos e criei o personagem — contou o ator.

Autor de bordões inesquecíveis — "Garotas do meu Brasil varonil: vou dar a vocês um tostão da minha voz...!"; "Mulheres, atentem para o tilintar das minhas sobrancelhas"; "O chato não é ser bonito, o chato é ser gostoso", entre outras —, Zé Bonitinho foi praticamente uma espécie alter ego de Loredo:

— Eu sofri com uma osteomielite (inflamação nos ossos) dos 12 aos 46 anos, por isso fui muito mimado. Isso me fez querer ser mimado pelas minhas mulheres. Era quase um Zé Bonitinho — contou certa vez Loredo que, ainda na juventude, chegou a ser internado em um sanatório por causa de uma tuberculose.

Os palhaços estão na origem da vocação de Loredo. Para completar a renda do marido, dona Luiza, mãe do artista, costurava os figurinos das trupes circenses que chegavam a Campo Grande, onde a família morava. O ator acreditava que as fantasias da mãe impregnaram sua retina: já jovem, viu o anúncio dos testes para a escola de Paschoal Carlos Magno, onde passou depois de ser ensaiado por Oscarito e Mafra. Estreou interpretando Mercúcio em "Romeu e Julieta" e nunca mais parou.

A Praça é Nossa

Carlos Alberto de Nóbrega, apresentador do humorístico "A Praça É Nossa", do SBT, onde Loredo interpretava seu famoso personagem, se disse emocionado com a partida do colega.

Em um breve comunicado, Carlos Alberto revelou que mesmo doente, Loredo não perdia um dia de gravação. "Para mim, Jorge Loredo foi um colega de trabalho exemplar, pois mesmo doente, ele chegava ao SBT, ia até o ambulatório para receber oxigênio e, assim que podia, fazia sua gravação. Retornava ao ambulatório para mais uma sessão de oxigênio e em seguida voltava ao Rio de Janeiro aonde residia. Respeitávamos essa atitude porque essa era a vontade dele. Loredo irá nos fazer muito falta", declarou.

Fonte: Correio do Estado e Terra.

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