Estreia: Padilha compara novo “RoboCop” com “Tropa de Elite”

Estreia: Padilha compara novo “RoboCop” com “Tropa de Elite”
Diário 24 Horas
Por Diário 24 Horas

O diretor de “RoboCop”, José Padilha, foi entrevistado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e afirmou que seu novo filme tem diversas semelhanças com “Tropa de Elite”. “O Robocop é o BlackBope”, brincou o brasileiro, fazendo referência ao uniforme utilizado pelos integrantes do BOPE no longa nacional estrelado por Wagner Moura. 

A atriz Maria Ribeiro, que interpretou a mulher do Capitão Nascimento em “Tropa de Elite”, também comentou sobre a semelhança ao sair da sessão para convidados na terça-feira (18). “Tem tudo a ver com o Tropa. Há o apresentador manipulador, a família, o policial... Este universo em que o homem se insere no contexto violento”, explica. 

O trabalho de José Padilha  passou a ser tão prestigiado que o protagonista Joel Kinnaman, que interpreta o papel-título, afirmou que só entrou no filme por causa do cineasta. “Só aceitei fazer o filme porque José estaria nele. Além de ser um diretor que adoro, sabia que teria ideia fortes sobre o assunto e traria algo de novo, que não seria um remake sem identidade”, revelou. 

"O filme tem um eixo político e um eixo existencial", comenta Padilha. "Há um cara que um dia acorda sem saber o que aconteceu com ele, olha para um cientista e ouve: ‘Você é um robô’. Ele olha para si e se pergunta: ‘O que sobrou de mim?’ É a questão do ‘sou um homem ou uma máquina?’", concluiu o diretor em seu raciocínio. 

"Se você parar para pensar, o conceito implícito no personagem do Robocop está presente no Tropa 1 e no 2. Há uma ideia filosófica que me interessa, de que a violência extrema acontece quando o agente da violência, o policial, perde a sua capacidade de crítica, de pensar sobre o que ele está fazendo", explica Padilha. "Verhoeven percebeu este conflito. E criou um personagem que já tem esta questão dentro de si. Este conflito entre automatização e o humano ocorre dentro do personagem. Esta sacada é genial", continua.

 "Estava em uma reunião e o pessoal do estúdio queria que eu fizesse o Hércules. Não queria, mas vi um pôster do Robocop na parede e disse: este aí eu quero fazer”. Disse o diretor, deixando claro o quanto queria comandar as cenas do filme. 

"Posso dizer que 50% do tempo eu gastei argumentando e 50% fazendo o filme. Mas valeu a pena. A questão política, por exemplo, não abri mão dela, e os testes com o público atestaram que funcionava. A ideia de que a automatização da violência abre uma janela para o fascismo é uma ideia importante. O que aconteceu no Iraque? Os EUA saíram de lá porque soldados americanos estavam morrendo. Se trocarem os soldados humanos por robôs, o que vai acontecer? Eles vão sair do Iraque? Aí se despolitiza a guerra internamente", encerra o cineasta brasileiro. 

O remake de “RoboCop” se passa no ano de 2029, período em que os chamados drones já são utilizados para fins militares há um bom tempo ao redor do planeta. A empresa OmniCorp, então, deseja que eles sejam usados também para o combate ao crime nas grandes cidades. Entretanto, esta iniciativa tem recebido forte resistência nos Estados Unidos. 

Na intenção de conquistar o povo americano, Raymond Sellars (Michael Keaton) tem a ideia de criar um robô que tenha consciência humana, de forma a aproximá-lo da população. A oportunidade surge quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, que o coloca entre a vida e a morte. A partir daí surge o Robocop. 

A estreia do longa nos Estados Unidos não foi muito empolgante, já que ficou apenas no terceiro lugar em bilheteria no primeiro final de semana de exibição, ficando atrás de "About Last Night", comédia romântica lançada estrategicamente para o Dia dos Namorados, e “Uma Aventura Lego”, que ficou na primeira posição e vem dominando os cinemas norte-americanos. No Brasil, o filme estreia na próxima sexta-feira (21). 

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