Quente, mas não milagroso: Final feliz de Brisa e Oto é o mínimo em Travessia

Muitos problemas serão resolvidos nos últimos instantes de Travessia, fornecendo ao público a conclusão ideal para os protagonistas, com destaque para a união fervorosa entre Brisa (Lucy Alves) e Oto (Romulo Estrela), que já deveriam ter unido forças há muito mais tempo, mas foram abandonados em um limbo de narrativas confusas na novela que, infelizmente, não deixará um legado tão memorável, apesar de levantar inúmeras discussões relevantes sobre passado, presente e futuro. 

Os banhos na praia, as noites de amor entre quatro paredes e a espera de uma filha realmente fornecem a justa sensação de conforto aos espectadores no final da trama, ao mesmo tempo em que outros problemas, como a rede de mentiras sobre Débora (Grazi Massafera) formulada por Guerra (Humberto Martins) e Moretti (Rodrigo Lombardi), também são resolvidos com o auxílio da clássica passagem de tempo na semana de encerramento. 

O que mais chateou o público provavelmente não foi a demora para concluir alguns núcleos, e sim o excesso de reviravoltas inexplicáveis ou os problemas de lógica no roteiro, anotados desde a fase inicial, quando Brisa simplesmente não conseguia se comunicar com a família durante e após a fuga desesperada que proporcionou o primeiro encontro com Oto, ou a completa ausência de desenvolvimento na história de Rudá (Guilherme Cabral), o adolescente assexual responsável por incriminar Brisa com um cartaz falso ridículo.

A autora Glória Perez abordou uma infinidade de assuntos relevantes em Travessia, e talvez este tenha sido o maior obstáculo para a criação de uma história simples e relativamente fácil de absorver. Foram tantos núcleos e possibilidades criados no decorrer da trama, que ficou impossível administrar tudo. Mesmo assim, o romance faz sua parte, e os principais casais se unem no final da novela. Brisa e Oto, enfim, viverão em paz.