Após polêmica, Playboy no Brasil diz que não há nada decidido sobre a franquia aqui

Diretor da Abril admite que questão do nu precisa ser melhor pensada; versão americana da revista aboliu o nu

Após polêmica, Playboy no Brasil diz que não há nada decidido sobre a franquia aqui
Diário 24 Horas
Por Diário 24 Horas

Após a decisão da Playboy americana de parar de publicar fotos de mulheres nuas, a Editora Abril, que publica o título no Brasil, informou que ainda "não há nada decidido" sobre uma mudança no mesmo sentido na revista com o mesmo título vendida no país.

Segundo o diretor de redação da Playboy brasileira, Sérgio Xavier, a Playboy americana tem a tradição de respeitar os mercados locais e deixar os parceiros em outros países com autonomia para decidir "o que é melhor e como fazer".
“Não sabemos ainda como vai ser o processo nos EUA, não houve qualquer comunicado aos parceiros", disse Xavier.

O diretor de redação da Abril, no entanto, admite, que a questão do nu "precisa ser melhor pensada".

"Acho, pessoalmente, que faz todo sentido o que o Hefner [Hugh Hefner, fundador da revista e editor-chefe da Playboy nos EUA] faz, estamos gradativamente perdendo com o nu", diz Xavier. "Mas precisaremos pensar no 'como fazer a transição'. Teremos muito o que pensar e debater", acrescentou.

"Playboy, mais do que uma "revista de nu" é uma publicação que discute o comportamento masculino. Fala de moda, bebidas, viagens e tem nas entrevistas longas e profundas uma marca importante. Playboy, nos Estados Unidos e no Brasil, sempre discutiu direitos civis, racismo, liberdade. Isso não mudou nem mudará", completou.
A Playboy é editada no Brasil há 40 anos, desde o início pela Abril. A editora disse que "por confidencialidade", não pode detalhar termos do contrato da parceria.

Novo posicionamento nos EUA

A Playboy americana anunciou que a decisão de parar de publicar fotos de mulheres nuas se deve à concorrência de sites pornográficos. No entanto, continuará a publicar fotos de mulheres em poses provocantes. Simplesmente, elas não vão estar nuas, explicou o presidente-executivo da empresa, Scott Flanders, ao jornal "New York Times".

A publicação, que derrubou tabus nos anos 1950 com suas fotografias de mulheres com os seios à mostra, disse que a partir da edição de março de 2016 a publicação será redesenhada de "cima a baixo".

A revista está à procura de uma nova imagem, ante os sites pornográficos que oferecem gratuitamente "todos os atos sexuais imagináveis. [A publicação de fotos nuas] está totalmente ultrapassada agora", explicou.

Com a popularização da pornografia na internet, a Playboy, que vendia 5,6 milhões de cópias em 1975, não vende mais do que 800 mil atualmente.

Histórico

Em agosto de 2014, a Playboy já havia removido de seu site todas as fotos nuas, o que fez com que a média de idade de seus leitores passasse de 47 a 30 anos, e o número de visitas aumentasse quatro vezes, de 4 a 16 milhões por mês.
A revista vai continuar a apresentar a "playmate" do mês, mas pretende se adaptar para ser vista por um público de 13 anos ou mais, explicou um dos diretores, Cory Jones.

Apesar de ser conhecida principalmente pela publicação de fotos de mulheres nuas, a Playboy também publicou ao longo dos anos entrevistas com grandes figuras da história.

Foi em suas páginas que Martin Luther King disse que "a América é hoje uma nação muito doente", que Malcolm X discutiu a luta pelos direitos dos negros, que o músico de jazz Miles Davis explicou que, para os negros, "seria muito melhor se o racismo desaparecesse, se pudéssemos nos livrar desta úlcera que atormenta o estômago".

A revista também publicou contos de escritores famosos, como Vladimir Nabokov, Margaret Atwood ou Haruki Murakami, e imagens de fotógrafos famosos, como Helmut Newton e Annie Leibovitz.

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Decisão teria sido tomada no mês passado durante uma reunião com o fundador da Playboy, Hugh Hefner Foto: Reprodução

Queda nas vendas

A Playboy, que já trouxe grandes personalidades em sua capa – como Marilyn Monroe, na estreia da revista, em 1953 –, está adotando mudanças depois de sua circulação ter caído drasticamente. Em 1975, eram impressos 5,6 milhões de exemplares por mês, ante os cerca de 800 mil impressos atualmente.

A revista também tem sido alvo de críticas feministas, que acusam o veículo de reduzir mulheres a simples objetos sexuais. Por outro lado, foi defendida por intelectuais como Kurt Vonnegut, Vladimir Nabokov, Joyce Carol Oates e Alex Haley, que dizem comprar a Playboy não só pelas fotos – a revista, por exemplo, já publicou entrevistas com Fidel Castro, Martin Luther King Jr. e John Lennon.

Esforços anteriores para levantar a publicação não foram muito bem sucedidos. Desta vez, diante do desafio de competir com veículos mais jovens e modernos, Flanders disse que procurou responder uma pergunta básica: "Se tirarmos a nudez, o que sobra?".

Edições brasileiras históricas

Algumas edições brasileiras da revista Playboy entraram para história da empresa, como as edições com a Feiticeira, de 1999, que mantém o recorde de mais vendida no país (1.247.000), as dançarinas do "É o Tchan", Scheila Carvalho e Sheila Mello e a super esperada edição com a Tiazinha, símbolo sexual de boa parte dos jovens nos anos 90.

As edições com Adriane Galisteu, Grazi Massafera e com Cléo Pires também merecem uma menção.

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