Valor gasto na reforma do Ver-o-Peso, em Belém, pode ultrapassar R$ 15 milhões


Mais de R$ 15 milhões serão necessários para realizar o trabalho de revitalização do complexo do Ver-o-Peso, sonhado pelos feirantes e incluído nas metas da Prefeitura de Belém. Os recursos estão sendo solicitados ao Ministério das Cidades e, ainda sob análise, devem ser liberados como parte do PAC das Cidades Históricas. Enquanto o secretário municipal de Urbanismo, Eduardo Leão, afirma que os recursos já estão garantidos, os trabalhadores da área tratam de preparar suas listas de reivindicações. Eles sabem da possibilidade de reforma porque equipes da prefeitura já fizeram uma visita técnica ao local.
O projeto apresentado prevê, na parte de revitalização do Ver-o-Peso, um orçamento de R$ 4,5 milhões, sendo R$ 500 mil para a elaboração do projeto e o restante para a execução da obra. Ainda no complexo, um segundo projeto, com orçamento de R$ 2 milhões, ambiciona a restauração do Solar da Beira, onde são comercializados artigos regionais. Caso sejam executadas, as duas obras devem ser concluídas em 18 meses. Um terceiro projeto vai completar a revitalização, alcançando o Boulevard Castilhos França, em frente ao complexo, e incluindo a rua João Alfredo, com custo de 8,65 milhões, da fase de projetos à execução. O objetivo, conforme a apresentação da prefeitura ao Ministério das Cidades, é garantir acessibilidade urbana, programação visual e mobiliário urbano, além de instalação de fiação para o Centro Histórico. Juntos, os três projetos somam R$ 15,15 milhões.
A última grande reforma realizada na área do maior ponto turístico de Belém aconteceu no ano de 2001, quando a atual estrutura, com tendas de lona tensionada, foi instalada. Mais de dez anos depois, as coberturas estão desgastadas, rasgadas e até remendadas, sem falar nos desníveis que apareceram nas calçadas e pisos. Mas, além da reforma, os anseios dos feirantes e clientes colocam outros dois temas na pauta: saneamento e segurança.
No limite com a Estação das Docas, a ação da natureza já deu um sinal: em meados de fevereiro, as 'grandes águas' impactaram a orla, causando a queda de uma parte dos pilares e arrimos. Foi então que todos perceberam: já era hora de uma reforma. Bem em frente ao local, no setor de confecções, João Albuquerque, 50, com 35 anos na área, aprova o arranjo de setores e barracas, mas aponta a necessidade de uma avaliação completa. 'A gente viu esse arrimo cair, mas não sabemos o que tem por baixo. Tem que ver tudo isso', opina o feirante. E ressalta o que todos reclamam: 'O que falta mesmo é segurança. Tem que ter polícia todo dia, toda hora'.
Já na parte mais alta do mercado, onde ficam os bares, uma cobertura azul destoa das lonas originais. Um incêndio em uma das bancas inutilizou o teto, que precisou de um plástico improvisado. Há dois meses no local, a feirante Vitória da Silva, 44, não espera uma 'reforminha', como ela diz, mas 'uma reforma' que dê para 'se orgulhar'. 'Essa lona branca é muito quente, tem que tirar', sugere a feirante, enquanto prepara um mingau de milho. 'Eu sei que antes não tinha nada, mas hoje dá para colocar coisa melhor'. O problema no teto das barracas é generalizado: as lonas chegaram ao limite, estão rasgadas ou remendadas em diversos pontos.
Mais adiante, em um dos setores mais tradicionais e populares, as erveiras querem fugir das chuvas. Elas dizem que, em dias de vento e chuva, não há como trabalhar. 'Chove demais, tem que arrumar uma proteção', adanta Iracilda Siqueira, 54 anos, 32 de experiência com as ervas amazônicas. Na área do artesanato, o servidor público Herbert Pinto, 33, aponta outros problemas. 'Esse piso é muito irregular, pode causar acidentes', ele adverte, ao lado da filha, Maria Luiza, de cinco anos. 'As águas sempre acumulam, o sistema de drenagem pelo visto não funciona. Tanto morador quanto turista tem que ver o melhor aqui'.
Com informações do jornal Amazônia