Um ano após sua morte, Chorão deixa saudades, processos e brigas por herança


Nesta quinta-feira, 06 de março, a morte de Chorão, ex-vocalista da extinta banda Charlie Brown Jr. completa um ano, e seu nome ainda figura entre os fãs e amigos como se não houvesse acontecido o seu falecimento precoce, que deixou saudades a muitos fãs da banda. E figura não somente a estes, mas também permeia entre processos e brigas judiciais na Justiça de lá até aqui.
Nesta semana o Diário Oficial de São Paulo divulgou que o filho de Chorão, Alexandre Ferreira Lima Abrão e a ex-esposa do vocalista, Graziela Maria Xavier Gonçalves Abrão, entraram em uma briga nos tribunais pela herança deixada pelo músico, revindicada por Graziela.
Apesar de o processo de inventário do cantor correr em segredo de Justiça, uma decisão registrada no Diário Oficial mostra que Graziela contestou a indicação de Alexandre como herdeiro único dos bens do pai. O desembargador negou o recurso de Graziela e manteve apenas Alexandre como sucessor legítimo dos bens. A justificativa da decisão de negar o direito à ex-esposa foi de que Graziela e Chorão eram casados em separação de bens.
Procurada para falar sobre o caso e para saber se ela ainda pretende reverter a situação, Graziela não comentou o assunto. Alexandre, assim como Graziela, também não quis falar sobre o tema.
Outro processo envolvendo o falecido músico é um processo por agresão movido por Marcelo Camelo, vocalista da banda Los Hermanos, ação até hoje, um ano depois da morte do músico por overdose, não finalizada.
Apesar de mover a ação, onde Chorão também alegou ter sido ameaçado e agredido no Aeroporto de Fortaleza, os Los Hermanos hoje estão sendo cobrados pelos advogados de Chorão pelo pagamento dos custos do processo, no qual Chorão saiu vitorioso antes de falecer, em um valor de R$ 12 mil.
Camelo e os Los Hermanos entraram com pelo menos outras duas ações contra Chorão. A primeira foi na Justiça do Rio, por danos morais e materiais com Camelo pedindo valores de R$ 250 mil, mais R$ 7.560,76 de despesa médica. No segundo processo, no Tribunal de Justiça de SP, a banda pediu R$ 43 mil para compensar cachês perdidos de dois shows desmarcados por causa da cirurgia.
Mas não somente de disputas judiciais a lembrança de Alexandre Magno, mais conhecido como Chorão, permanece após este um ano. Seus colegas de banda ainda tentam conviver com a ausência do amigo e colega de banda.
Para o guitarrista Marcão, a lacuna deixada pelo amigo não será preenchida no cenário musical brasileiro. “Ele é insubstituível. O Chorão construiu esse espaço na música e não tem como alguém preencher. É da mesma forma para a gente. Quando eu recebi a notícia da morte dele foi um choque grande. Eu fiquei meio 'anestesiado'. Achamos que foi um pesadelo, que a qualquer hora você vai acordar e vai ver que é mentira. São momentos horríveis. Eu diria que foram os piores dias da minha. Ele era um grande parceiro, tinha um coração de ouro, e nós lutamos juntos, mudamos a nossa vida juntos. Até hoje estou tentando me acostumar com a ausência dele, mas eu sei que nunca vou me acostumar com isso. Nós precisamos seguir a vida porque temos filhos. Só que essa é uma lacuna irreparável, um vazio que ficou“, diz.
Apesar disso, um dos fatores que, de alguma forma, confortam o guitarrista, é saber que a história de Chorão está preservada e que muitas pessoas ainda lembram das mensagens deixadas por ele em suas canções. “Ele sempre passou essa ideia de acreditar nos seus sonhos. Ele tinha isso muito forte e era algo que passava para quem estava junto com ele. Além disso, muitas vezes, nas ruas, ouvíamos pessoas dizendo que uma letra dele havia mudado as suas vidas e o Charlie Brown Jr. tinha essa marca muito forte”, destaca.
Entretanto, Marcão ressalta que a obra do vocalista ganhou proporções ainda maiores depois da sua morte. “Ele sempre foi muito querido mas, infelizmente, parece que quando a pessoa parte, existe essa coisa natural do ser humano de valorizar ainda mais. Porém, eu creio que ele está no lugar que lhe pertence na história da música e, lá de cima, ele está olhando isso tudo, feliz. Estou com ele na mente, no pensamento e no coração. Eu tenho certeza disso”, completa.
A banda Charlie Brown Jr na época tinha álbum inédito a ser lançado, ao qual foi adiado por conta da morte de Chorão. Posteriormente, vieram homenagens ao cantor e uma nova tragédia viria a marcar a história dos músicos restantes, com o suicídio do baixista Champignon.