Pussy Riot divulga faixa inédita e manifesto onde critica Maduro e Bolsonaro

Intitulada '1312', faixa apresenta protesto contra a brutalidade policial.
Intitulada '1312', faixa apresenta protesto contra a brutalidade policial.
Carol Souza
Por Carol Souza

No decorrer da última semana, os EUA ficou marcado com o levante da população em manifestação contra o racismo e a falta de igualdade após a morte de George Floyd, assassinado por um policial em Minessota após imobilizado, por asfixia.

Diante dos fatos, o presidente Donald Trump esteve - citando Taylor Swift -, "alimentando o fogo da supremacia branca e do racismo". Então, foi apenas uma questão de tempo até que o grupo punk, politicamente motivado, Pussy Riot, escrevesse e apresentasse "1312", uma nova música que apresenta o protesto ao fim da brutalidade policial.

"1312" trás a colaboração do grupo russo com os artistas argentinos Parcas, Dillom e Muerejoven como uma forma de solidariedade - semelhante à faixa de Vic Mensa "Hangerz" - para homenagear "a bravura e força mostrada à frente de forças policiais abusivas" durante os protestos no Chile.

Musicalmente, "1312" é um híbrido de batidas grunge estouradas, gritos estridentes, colapsos de punk rock e rap. É um som agressivo que combina com a letra da música, chamando as forças policiais de "estupradores da liberdade".

O Pussy Riot ainda delineou três pontos principais: forças policiais são fisicamente violentas com os manifestantes, mesmo quando estão marchando pacificamente; eles são "ineficazes" ao combater o "crime real", como feminicídios, assassinatos de ativistas políticos, sequestros e violência doméstica; e eles servem apenas seus próprios interesses e os interesses daqueles que têm dinheiro e poder.

E se engana quem pensa que o grupo apenas apontou os problemas. As russas apresentaram também soluções, como prova de que problema pode ser remediado.

De acordo com elas, um acordo pacífico pode ser alcançado ao reorientar as forças policiais para a proteção dos civis, responsabilizando a polícia por atos de violência, exigindo que a polícia permita que os ativistas falem livremente em manifestações sem prejudicá-los, pedindo à polícia que participe da marcha pela igualdade racial e de gênero, e reciclagem das forças policiais para proteger os direitos de todos, não apenas os seus.

"1312" vem com um videoclipe animado, bastante agressivo, de Vladimir Storm. Nele, carros de polícia podem ser vistos dirigindo por uma cidade causando caos em um mundo gelatinoso, enquanto quatro artistas estão na rua agitando cartazes de protesto, armas e doces.

Entre as cenas, um mar de cruzes pode ser visto queimando enquanto as letras da música caem do céu. A coisa toda foi renderizada com arte 3D que parece uma mistura de argila e lodo.

Assista abaixo:

Junto com a faixa inédita, em uma parceria que uniu feministas russas, chilenas e mexicanas, o grupo divulgou também um manifesto, onde cita líderes como o chileno Sebastián Piñera, o venezuelano Nicolás Maduro e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, classificando-os como líderes de países em "estados de terror".

No texto, elas abordam também a brutalidade policial, direcionando o tema à América Latina, referindo-se aos oficiais como "grupos de extermínio da Colômbia" apontando ainda os casos de pessoas "desaparecidas e incineradas pela polícia Mexicana". 

"Ou nos organizamos, ou perecemos. Estamos diante de uma escalada sem precedentes da brutalidade e repressão do Estado. (...) Este chamado não pode ser adiado porque, neste momento, enquanto estamos confinados,governos estão intensificando a perseguição de lutas sociais, exércitos tomam  conta de nossas ruas, destruindo nossos direitos, nossas liberdades", diz o texto, que continua: "Da Plaza de la Dignidad ao Zócalo, da selva Lacandon à Amazônia, da Chureca em Manágua às favelas de São Paulo, pedimos a reestruturação da ação civil contra os estados de terror de Piñera, Ortega, Maduro, Bolsonaro, Duque, Moise, Hernández, Lenín Moreno.. Que o confinamento não nos pare".

Sobre o autor

Carol Souza
Carol SouzaAmante do cinema, dos livros e apaixonadíssima pelo bom e velho rock n'roll. Amo escrever e escrevo sobre o que amo. Ativista da causa feminista e bebedora de café profissional. Instagram: @barbooosa.carol
Fale com o autor: [email protected]
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