Incêndio em galpão da Cinemateca segue a lógica de abandono do Governo Federal
Mesmo com o alerta de incêndio manifestado pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) há oito dias, um galpão da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina pegou fogo na última quinta-feira (29), seguindo a lógica de abandono do Governo Federal, que já havia sido pressionado pelo MPF por negligência na gestão da Cinemateca e conseguiu suspender a ação com promessas de melhorias estruturais.
A instituição vive uma crise há anos, e a lista de prioridades do presidente Jair Bolsonaro não ajudou a criar planos de reestruturação que pudessem evitar novos desastres, a exemplo do alagamento em fevereiro de 2020, quando uma enchente invadiu um galpão de Vila Leopoldina e atingiu uma grande quantidade de materiais.
Para piorar, entre julho e agosto de 2020, funcionários da Cinemateca foram demitidos após o Governo Federal assumir a gestão, episódio em que a Secretaria Especial da Cultura exigiu à antiga gestora, a Associação de Comunicação Educava Roquete Pinto (Acerp), a entrega das chaves dos imóveis.
Uma série de ações errôneas levaram ao novo incêndio nesta quinta-feira, sobretudo depois que o processo do MPF por abandono foi suspensa, com o comprometimento do Governo Federal em mostrar ações de preservação em até 45 dias, prazo já esgotado.
Sem recursos e sem salários, uma equipe improvisada da Acerp continuou trabalhando para preservar a Cinemateca mesmo após o fim do contrato com o governo federal, em 31 de dezembro de 2019. Com isso, o secretário especial da Cultura, Mário Frias, afirmou que não reconhecia nenhuma dívida com a Acerp e exigiu a entrega das chaves.
Em nota, a Secretaria Especial da Cultura afirma que "todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição", comunicado também que solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio.