Imprensa faz parceria histórica para garantir transparência nos dados do coronavírus
Os recentes atrasos e divergências nos balanços oficiais do Ministério da Saúde sobre o coronavírus preocuparam especialistas e mantiveram diversos veículos de comunicação em situação de desespero, já que os registros da própria entidade que deveria prezar pela transparência e, principalmente, pela garantia de veracidade, começaram a gerar dúvidas. Nesta segunda-feira (8), foi anunciada uma parceria histórica da imprensa, entre os veículos Uol, Folha de S. Paulo, G1, Estadão, O Globo e Extra, que agora unem forças para criar balanços diários completos e totalmente autônomos, com trabalho jornalístico responsável pela reunião de todos os registros das secretarias estaduais de saúde dos 26 estados e o Distrito Federal.
A decisão veio após o presidente Jair Bolsonaro anunciar a restrição de informações sobre a pandemia, retirando dos balanços a quantidade de casos e mortes confirmadas desde o início do surto e mantendo apenas os registros nas últimas 24 horas, que também apresentaram sérias divergências com os registros estaduais no final de semana. Com a parceria, os veículos trabalharão de forma colaborativa para garantir ao público a reunião precisa dos dados, com uma ampla equipe de revisão e adequação dos textos até a divulgação oficial diária, oficialmente programada para às 20h.
A medida também surgiu como forma de manter a divulgação dos dados do coronavírus em uma faixa de horário condizente com o que estava sendo trabalhado anteriormente (O Ministério da Saúde decidiu adiar a divulgação de 19h para 22h, sem grandes explicações a não ser a de que os registros supostamente seriam feitos com maior cautela). Inviável para os veículos, sobretudo para os jornais televisivos, o novo horário da entidade passou a prejudicar não apenas os jornais, mas, também, a população que espera por números precisos, em horário justo.
O diretor de redação do jornal O Globo afirma que, neste momento, a concorrência é deixada de lado por um bem maior: "levar à sociedade o dado mais preciso possível sobre a pandemia. Essas informações orientam as pessoas e as políticas públicas. Sem elas, o país mergulha em um voo cego. O jornalismo cumprirá seu papel”.