Diplomata brasileira é convocada novamente no Irã


O Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou uma nota no último dia 3, após o ataque norte-americano no Iraque contra a vida do general Qassem Soleimani, dizendo que Brasil apoiava “a luta contra o flagelo do terrorismo” sinalizando alinhamento aos EUA.
Com esta medida, a encarregada de Negócios do Brasil na embaixada da capital iraniana, Maria Cristina Lopes, foi convocada para conversar com os diplomatas irananianos sobre o posicionamento brasileiro. No último domingo, durante a reunião na chancelaria do país, os representantes iranianos disseram à diplomata brasileira que estavam “desapontados” com a postura do Brasil, país com o qual o Irã tradicionalmente manteve relações diplomáticas amistosas.
Em nova nota, após a primeira convocação, o Ministério disse: “Informamos que a Encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela Chancelaria iraniana. A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”.
Após esta primeira rodada de conversa, a encarregada foi convocada novamente nessa quarta-feira (8). A nova reunião já estava agendada há algum tempo, com pauta relacionada a cultura, todavia, a expectativa agora é que, com a crise no Oriente Médio, o posicionamento do governo do presidente Jair Bolsonaro sobre o episódio volte a se tratado.
Todavia, após a queda do avião ucraniano no Irã, o Itamaraty cancelou a reunião em Teerã. O Departamento de Comunicação Social do ministério afirmou que a reunião estava agendada e foi adiada "a pedido do Brasil, no entendimento de que o atual momento é delicado".
Confira a nota do MRE sobre os acontecimentos:
"Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o Governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo.
O Brasil está igualmente pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento.
O terrorismo não pode ser considerado um problema restrito ao Oriente Médio e aos países desenvolvidos, e o Brasil não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul.
Diante dessa realidade, em 2019 o Brasil passou a participar em capacidade plena, e não mais apenas como observador, da Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, que terá nova sessão em 20 de janeiro em Bogotá.
O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas.
O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país".
