Falece Gilberto Dimenstein, ganhador do Prêmio Jabuti, aos 63 anos

Jornalista, fundador do site Catraca Livre, lutava contra um câncer no pâncreas desde o ano passado.
Jornalista, fundador do site Catraca Livre, lutava contra um câncer no pâncreas desde o ano passado.
Carol Souza
Por Carol Souza

Foi confirmado no início da tarde desta sexta-feira (29) o falecimento do jornalista Gilberto Dimenstein, ganhador do Prêmio Jabuti, aos 63 anos de idade, em São Paulo. Conforme informações do portal Catraca Livre, fundado por ele em 2008, Dimenstein não resistiu à batalha contra um câncer no pâncreas descoberto em 2019, pelo qual passava por tratamento.

Em comunicado, o portal rendeu homenagens à Dimenstein, ganhador do maior prêmio de literatura do país, o Prêmio Jabuti, e duas vezes vencedor do Prêmio Esso. "A luta contra o câncer levou o fundador da Catraca Livre, mas sua determinação em construir uma comunidade mais igualitária, saudável e gentil, continua nesta página".

Profissional reconhecido pelo seu trabalho ao abordar problemas sociais, no último dia 16 de abril, em postagem no Catraca Livre, Dimenstein comunicou que frente à crise do coronavírus no Brasil estava abrindo mão de 100% dos seus rendimentos em um esforço para evitar demissão de seus funcionários.

"Não é heroísmo. Consigo viver muito bem com minha aposentadoria. O que é difícil viver sem é da companhia de profissionais dedicados e competentes, alinhados com a visão do site de que nossa missão é fazer um mundo melhor", disse na ocasião.

Em sua carreira, além do trabalho como correspondente internacional, Dimenstein foi colunista da Folha de São Paulo e da rádio CBN tendo também passagens marcantes no Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Última Hora, Visão e Veja.

Diante da triste notícia de seu falecimento, figuras públicas como o governador de São Paulo João Dória, e o deputado Marcelo Freixo, do Rio de Janeiro, manifestaram seus sentimentos por sua partida.

"Lamento profundamente a morte de Gilberto Dimenstein, um dos principais expoentes do jornalismo brasileiro. Inquieto e dinâmico, deu voz a atores antes excluídos do debate nacional. O jornalismo e a sociedade perdem um olhar humanista e solidário. Meus sentimentos aos familiares", disse Dória em uma postagem no Twitter. 

O mesmo foi feito por Freixo, que se referiu ao jornalista como uma grande referência da profissão no país: "O jornalismo brasileiro perde hoje uma das suas grandes referências. Gilberto Dimenstein fará muita falta, principalmente num momento como esse, em que a democracia e a vida dos brasileiros estão sob grave ameaça. Solidariedade à família e aos amigos. Descanse em paz, Gilberto".

Colegas de profissão, como Mirian Leitão também foram às redes sociais para homenagear e expressar seu luto. "A perda de Gilberto Dimenstein é gigante para o jornalismo. Ele revolucionou a forma de fazer o nosso ofício. Fez sucesso muito jovem, sempre foi um inteligente analista da vida nacional. Depois foi abrir novas fronteiras como o @catracalivre. Saudades imensas de @GDimenstein", disse ela.

Com mais de 10 livros publicados, Dimenstein recebeu o Prêmio Jabuti de melhor livro de não ficção pelo então recém-lançado "O Cidadão de Papel", em 1994. Alguns anos antes, em 1988, foi vencedor na categoria principal do Prêmio Esso com a reportagem "A lista da fisiologia", publicada na "Folha de S.Paulo", que tratou de esquema tráfico de influência entre Executivo e Legislativo. 

Posteriormente, em 1999, foi mais uma vez agraciado com o Prêmio vencendo na categoria Informação Política com a reportagem "O grande golpe".

Sobre o autor

Carol Souza
Carol SouzaAmante do cinema, dos livros e apaixonadíssima pelo bom e velho rock n'roll. Amo escrever e escrevo sobre o que amo. Ativista da causa feminista e bebedora de café profissional. Instagram: @barbooosa.carol
Fale com o autor: [email protected]
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