Após acusações de racismo, Bombril retira "Krespinha" do mercado e pede desculpas

Produto será retirado das prateleiras e abre caminhos para reformulações na marca
Produto será retirado das prateleiras e abre caminhos para reformulações na marca
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Intensas acusações de racismo contra a Bombril movimentaram as redes sociais na última quarta-feira (17) e obrigaram a companhia a publicar uma nota de esclarecimento, reafirmando o compromisso com a diversidade e se desculpando pelo grave erro na manutenção do produto "Krespinha" por décadas no portfólio oficial. Em carta aberta, a empresa explicou que, ao contrário do que era amplamente compartilhado pelos internautas, "não se tratava de lançamento ou reposicionamento de produto. A Marca estava no portfólio há quase 70 anos, sem nenhuma publicidade nos últimos anos, fato que não diminui nossa responsabilidade."

A nota confirma os esforços da Bombril em retirar o produto de todas as prateleiras, o que certamente implicará em prejuízos consideráveis, necessários para que a marca não perca o contato direto e sincero com o público. "Não há mais espaço para manifestações de preconceitos, sejam elas explícitas ou implícitas", diz a nota, que também aponta a iminência de uma reformulação da comunicação da empresa, "além de identificar ações que possam gerar ainda mais compromisso com a diversidade". 

A corrida para readequar produtos com publicidade considerada racista está ativa e intensificado ao redor do mundo em meio aos protestos contra o racismo que ganharam força após o assassinato de George Floyd, que não resistiu aos ataques cruéis de agentes policiais em Minneapolis, nos Estados Unidos, onde diversas marcas confirmam a reformulação de estratégias para exterminar, aos poucos, o racismo implícito na sociedade. 

A esponja de aço "Krespinha" era anunciada pela Bombril como a escolha ideal para "limpeza pesada", removendo gorduras e grossas camadas de sujeira. A referência aos cabelos crespos, comuns entre os negros, era óbvia, mas ainda é possível encontrar internautas defensores do produto e revoltados com as acusações, sobretudo nas sessões de comentários de portais de notícia como o G1 e o Uol, onde o público costuma manifestar mais agressivamente suas opiniões que, por diversas vezes, são perturbadoras. 

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
Fale com o autor: [email protected]
Conheça nossa redação. Ver equipe.

Escolha do editor

Comentários

O que você achou?
Compartilhe com seus amigos: