Scarface, AI-5 e filha de Olavo de Carvalho: Prisão de Queiroz é rodeada de símbolos
Na manhã de ontem (18), Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, no período que era deputado estadual, foi preso após mais de um ano desaparecido. Queiroz é investigado por participação em suposto esquema de "rachadinha".
Claro que sua prisão, assim como toda a sua perseguição desde o final de 2018, não poderia ser menos simbólica. Pessoas contrárias ao governo Bolsonaro brincam, com frequência, com o termo "laranja", "rachadinha" e com a frase "Cadê o Queiroz?", por todo o envolvimento supostamente ilícito que o ex-pm representa com sua relação com a família Bolsonaro.
Ao ser preso, na cidade de Atibaia-SP, muitas outras coisas chamaram a atenção. Primeiramente, Queiroz estava escondido na casa de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro e que, há um ano, dizia não ter conhecimento do paradeiro do procurado em entrevista à Andréia Sadi.
Na casa/escritório/esconderijo, outro fato que chamou a atenção foi a decoração do local, com uma placa do AI-5, o Ato Institucional mais rigoroso da ditadura militar. Junto com a placa, estavam bonecos ao redor, um deles o do mafioso Tony Montana, do filme Scarface, chefe do tráfico de drogas em Miami que tem seu império arruinado pela pressão policial. Toda composição da cena, perfeita para a fuga e derrocada de Queiroz rumo à Bangu, no Rio de Janeiro.
Além disso, a filha do "guru" Olavo de Carvalho, Heloísa de Carvalho, já ter denunciado o "esconderijo" de Queiroz há mais de um ano nas redes sociais, com o seu amigo Bruno Maia, conhecido como Todd Tomorrow. Uma publicação de maio de 2020, dá margens para dubiedade, relatando: "A casa foi transformada em escritório de advocacia no último ano. Será que foi de olho na inviolabilidade que escritórios dessa natureza gozam? Ah não sei. Só Deus sabe, não é mesmo?".
Sarcásticos, ambos fizeram questão de comparecer novamente em frente a casa e brindar com suco de laranja pela prisão. Heloísa não possui um bom relacionamento com o pai, o chamando de "golpista" e que irá desmascará-lo na CPMI das Fakes News com todo o material que reuniu sobre ele nos últimos anos.
Decerto, muitas explicações agora devem ser dadas em relação ao nível do envolvimento da família Bolsonaro com a família Queiroz, que ora dizem não ter mais contato há muitos anos e desconhecimento total de todas as ações criminosas e ora o elogia por seus anos de trabalho prestado. Todo o simbolismo envolto da figura de Queiroz e sua prisão podem ser os precedentes de um novo capítulo da política brasileira com mais imaginários dilacerados.