Após 'suspensão', Zema mantém ordem de despejo em acampamento do MST em MG
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, manteve nesta quinta-feira (13) a ordem de despejo no acampamento Quilombo Campo Grande, na Zona Rural de Campo do Meio, após afirmar que cessaria a ação na última quarta (12). O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fez a denúncia e afirma que irá lutar como puder para impedir que cerca de 450 famílias sejam retiradas do local, mobilizando internautas com as hashtags "#SalveQuilombo", "#ZemaCovarde" e "#ZemaMentiu", que já aparecem entre os destaques no Twitter.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) de MG divulgou na quarta-feira uma nota oficial que deixava clara a suspensão da reintegração de posse no acampamento, mas o local continua cercado de agentes da polícia militar. "Despejo continua, polícia avança sobre o acampamento Quilombo Campo Grande. A sede da Escola Popular Eduardo Galeano foi demolida nesta manhã", dizia uma publicação urgente do MST pela manhã. Veja a publicação em que Zema confirma a suspensão da ordem de despejo:
A @sedesemg informa que solicitou a suspensão do cumprimento da ordem judicial para reintegração de posse da área, durante a pandemia. Além disso, presta apoio técnico aos gestores da assistência social do município de Campo do Meio para atendimento às famílias. https://t.co/eI8tpqIimc
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 12, 2020
A reintegração de posse tem como objetivo retirar as estruturas que abrigam os moradores, incluindo a Escola Popular Eduardo Galeano, em plena pandemia da Covid-19. Com a chegada dos policiais nesta manhã, o comandante da operação afirmou que o despejo continua enquanto não forem dadas ordens oficiais de suspensão, o que, por si só, já confirma a negligência de Zema em relação ao comunicado emitido na quarta-feira, quando as famílias tiveram que enfrentar mais de 12 horas de tensão.
Em fotos compartilhadas a todo instante pelos perfis do MST nas redes sociais, moradores do Quilombo Campo Grande carregam folhas de papel com mensagens de socorro, incluindo ataques diretos a Zema, que pretende tira-los covardemente de suas moradias. O acampamento foi erguido há mais de 20 anos nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), com falência declarada no final dos anos 90.