Após férias, Bolsonaro volta a defender ivermectina contra Covid-19

O presidente citou dados do Programa Africano para Controle de Oncocercose em publicação no Twitter
O presidente citou dados do Programa Africano para Controle de Oncocercose em publicação no Twitter
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

O presidente Jair Bolsonaro retornou a Brasília após um período de férias no Guarujá, onde compareceu à praia, cumprimentou apoiadores e gerou aglomerações enquanto o Brasil se aproxima da faixa de 200 mil mortes por Covid-19, somando 196.561 óbitos na última segunda-feira (4), segundo dados divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde. Nesta terça-feira (5), Bolsonaro utilizou as redes sociais para relacionar a baixa taxa de mortes pelo novo coronavírus na África ao uso precoce de ivermectina.

O medicamento é distribuído em massa no continente como parte do Programa Africano para Controle de Oncocercose, doença conhecida como “cegueira do rio”. A imagem divulgada pelo presidente brasileiro lista nove países que integram a iniciativa, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Com 32,1 mortes por milhão de habitantes, o Quênia aparece no topo da lista divulgada por Bolsonaro.

"Nota-se a baixíssima taxa de óbitos por Covid em países africanos (no Brasil são 923/milhão/hab em 03/jan/21)", disse o presidente em publicação no Twitter. "No Programa, a distribuição em massa da IVERMECTINA pode ser a responsável pela baixa mortalidade da Covid-19 nesses países", concluiu, contrariando as constatações de cientistas sobre a irrelevância da ivermectina no tratamento da Covid-19. 

"Os estudos clínicos randomizados com grupo de controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais", afirmou a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) em comunicado recente. 

Em resposta ao mesmo post, Bolsonaro também voltou a defender o uso precoce de nitazoxanida, conhecido como Anitta, utilizando um áudio de reportagem do programa "A Voz do Brasil" que fala sobre a veiculação de um novo estudo pela revista científica European Respiratory Journal.

"Conceituada revista científica internacional atesta que o medicamento antiviral nitazoxanida é capaz de reduzir a carga viral em pacientes infectados pelo coronavírus", disse o presidente. 

Os resultados apresentados no estudo, no entanto, são considerados irrelevantes: a carga viral de 194 voluntários caiu 55% depois de 5 dias, com a administração da nitazoxanida. Já quem tomou placebo, a carga viral caiu 45% no mesmo período. Não houve redução dos sintomas do coronavírus e, portanto, os pesquisadores concluíram que não há evidências de que o medicamento funcione ativamente no tratamento de pacientes com casos graves da doença.

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
Fale com o autor: [email protected]
Conheça nossa redação. Ver equipe.

Escolha do editor

Comentários

O que você achou?
Compartilhe com seus amigos: