À CPI da Covid, Witzel afirma que foi perseguido após investigações do caso Marielle
O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depõe à CPI da Covid nesta quarta-feira (16), e já afirmou durante seu discurso inicial que foi amplamente perseguido após dar início a investigações do caso Marielle Franco. Curiosamente, ele aparece ao lado dos deputados do PSL, Daniel Silveira e Rodrigo Amorim, em foto que mostra a placa de rua com o nome da vereadora do PSOL, morta a tiros em março de 2018.
“Tudo isso começou por que eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle”, disparou Witzel, afirmando que seu impeachment aconteceu por causa de ações daqueles "que se aliaram a esse discurso de perseguição aos governadores” e que eventualmente o mandante do assassinato de Marielle será descoberto.
Witzel dedicou boa parte do tempo de discurso na CPI para criticar a conduta do governo federal diante da pandemia de Covid-19, afirmando que o presidente Jair Bolsonaro "deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelas 400 mil mortes que tem aí tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado", disse.
"O governo federal, para poder se livrar das consequências do que viria na pandemia, criou uma narrativa estrategicamente pensada", insistiu o ex-governador, seguindo o tom do discurso de Natalia Pasternak na semana passada, em que citou um plano orquestrado pelo governo federal para engajar o negacionismo à população, sobretudo entre os fiéis apoiadores de Bolsonaro, que repetem suas afirmações a qualquer custo.
Witzel considerou que a narrativa criada pelo governo federal fragilizou os governadores em todo o país ao criar uma espécie de título de vilania para os agentes responsáveis pelas medidas de bloqueio durante a pandemia.
Em seu discurso, o ex-governador do Rio de Janeiro afirmou que Bolsonaro já o chamou de "estrume" e "leviano", e que era difícil conseguir um diálogo oficial com o presidente da república.
"O presidente não me recebeu no Palácio do Planalto, eu vou encaminhar aqui na CPI os meus pedidos de requerimento ao presidente, e ele disse que eu deveria ser mais humilde. O que ele queria? Que eu implorasse?", reclamou Witzel, sempre em tom de defesa contra as acusações de corrupção que o tiraram do cargo de governador do Rio.