BBB 2016: o que aprender dando aquela espiadinha

Aprenderemos que os participantes do BBB 2016 são pessoas, na medida em que treinarmos nossos olhos para o Outro, o que requer se pôr no lugar deles, tanto você quanto eu. Sabe? Um exercício de sensibilidade. 

Na casa, conviveram pessoas que são mais do que aparentaram ser durante todo o reality da Rede Globo. Se existir uma paciência em olhar para todos, além do jogo de força e tolerância no qual os próprios participantes são colocados, eles serão considerados pessoas. Esse olhar devolve a eles esse status: como pessoas, terão dignidade de serem quem são.

Já parou para pensar que a falta de visão sobre alguém, no Brasil de hoje, talvez se dê pela insistência em não enxergar pessoas capazes de serem mais do que aparentam ser, ainda mais depois de assistidas no BBB? Para ver todos dessa maneira, rebaixar qualquer um dos participantes a monstro desumano oportunista nunca é boa ideia para a noção de pessoa. Quem acha essa atitude correta não aprendeu a olhar para o lado e para si próprio nem entendeu que aquilo é um jogo (um jogo divertido).

Isso se dá talvez pela enorme certeza de que o Big Brother Brasil é incapaz de acrescentar algo para a sociedade e para quem entra na casa. Acrescentar algo para a sociedade é uma função nobre. O BBB parece ter somente a pretensão de entreter as pessoas.

Dentre essas pessoas, há quem diga que se identificou com um ou mais participantes e até mesmo não suportou outro(s). Isso é, no mínimo, interessante, porque pode ser que se inicie aquilo de se enxergar, o que leva, sem dúvidas, a compreender as posturas dos irmãos e irmãs dentro da casa. Note também que, ao sair do programa, um participante diz que aprendeu um pouco sobre si. O que é legal, porque entendeu isso no enfrentamento com pessoas diferentes de si. Teve coragem em se expor para todo mundo ver.

A coragem ajuda no processo de saber quem se é na relação com os outros e com as coisas. Lembram da troca de acusações entre Renan e Ana Paula, desta com os demais? É uma característica de pessoas que não se viram num todo. Conhecer alguém demanda tempo. O tempo ali é curto. Da mesma maneira é complicado julgar os participantes aqui do lado de fora. Pedro Bial, com seus texto-resumos, faz questão de colocar elementos significativos pra se entender um pouco mais dos brothers que deixam a casa. Até para esclarecer o que é ser um participante do reality. Ali estão jogadores. Fora do reality não.

Quando o conhecimento do outro é limitado, passar pela lentidão de entender alguém, torna-se característica de quem tem carinho pelos outros. No dia a dia, manter a paciência e não se entregar aos julgamentos apressados, redobrar a atenção nesses casos de superexposição de pessoas ou basta olhar com mais cuidado as pessoas ao seu lado.

Terça-feira, 5 de abril, 22 horas. A noite é de programa que chega ao fim. Foi uma edição marcada por disputas, brigas, estratégias, provas de resistência, choro, estresse e risos. Os protagonistas dessa lista, por mais que estiveram ali disputando um jogo, merecem um olhar mais demorado, ser encarados como dignos de serem quem são.