HBO Max exclui "E o Vento Levou" do catálogo em meio aos protestos contra o racismo

Filme sobre a guerra civil americana apresenta donos de escravos como heróis.
Filme sobre a guerra civil americana apresenta donos de escravos como heróis.
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Os grandes protestos contra o racismo que ganharam força após a morte de George Floyd nos Estados Unidos levaram canais de televisão e plataformas de streaming a revisarem os conteúdos oferecidos ao público. O filme "E o Vento Levou", por exemplo, foi retirado do catálogo do HBO Max na última terça-feira (9), pela representação controversa de escravos conformados em um roteiro que, basicamente, transformava donos de escravos em heróis. 

O longa foi lançado em 1939 e girava em torno da Guerra Civil americana, garantindo oito prêmios Oscar, incluindo melhor filme, além de ter entrado para a lista das maiores bilheterias da história. Entretanto, sua visão ultrapassada já não pode servir como inspiração nos dias de hoje, e certamente provocam confusões em relação ao contexto e realidade da escravatura. 

Em comunicado enviado à AFP, um porta-voz do HBO Max afirma que "E o Vento Levou" contém "contém alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana". "Estas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje, e sentimos que manter este título disponível sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável", finalizou a justificativa. 

A ação foi tomada depois que o autor de "12 Anos de Escravidão", John Ridley, escreveu um artigo falando sobre a necessidade da exclusão de "E o Vento Levou" dos catálogos porque "não fica apenas aquém da representação, mas ignora os horrores da escravidão e perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor".

Apesar de tudo, o HBO Max ainda possui os direitos do filme e deverá traze-lo de volta à grade oficial, juntamente com algumas observações referentes ao contexto histórico e a presença de estereótipos controversos. Nenhum corte na estrutura original do longa-metragem será feito no relançamento, pois, de acordo com a empresa, simbolizaria uma tentativa de apagar a existência do racismo da história. 

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Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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