Ex-Secretária da Cultura, Regina Duarte, vai responder processo por apologia à tortura

A atriz foi muito infeliz durante uma entrevista à CNN, onde minimizou a tortura durante o regime militar.
A atriz foi muito infeliz durante uma entrevista à CNN, onde minimizou a tortura durante o regime militar.
Kelly Lima
Por Kelly Lima

O Brasil vive tempos sombrios, não pela pandemia em si, que assola o mundo todo, mas por estar a sombra de um governante do executivo que flerta com o autoritarismo e insiste em exaltar momentos, que para muitos, são extremamente infelizes, lembranças dolorosas de um passado vil vividos durante os anos do regime ditatorial. Muitos membros do atual governo presidencial minimizam as barbáries vivenciadas durante o período da ditadura militar, banalizando inclusive as torturas sofridas por inúmeras pessoas naquela época. Foi o que Regina Duarte, enquanto Secretária Especial da Cultura, fez e agora terá de pagar por suas palavras.

A ex-Secretária da Cultura está sendo processada por apologia ao crime de tortura. Tudo isso graças as suas infelizes palavras durante uma entrevista à CNN Brasil, que ocorreu no dia 07 de maio, enquanto ainda estava ativa na secretaria, hoje comandada pelo ator Mário Frias. Na ocasião, ela proferiu as seguintes palavras: “sempre houve tortura”, além de deixar bem claro sua opinião sobre as cobranças referentes ao período. Para ela tudo isso deveria ser deixado para trás. Contudo, um dos momentos que mais gerou revolta foi quando a artista cantou “Pra Frente Brasil”, marchinha símbolo do governo militar.

A entrevista foi muito polêmica, Regina foi duramente criticada, mas diferente do que havia proposto ao dizer que não se deveria “ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80”, o efeito saiu pela culatra e agora vai ter de encarar na justiça o peso de suas falas. Lygia Jobim, filha de José Jobim, diplomata torturado e morto durante o regime militar, entrou com uma ação civil contra a atriz. 

Lygia, que é jornalista, revelou ao GLOBO ter ficado completamente “horrorizada com a forma como ela [Regina] naturalizou a tortura” durante a entrevista. Para ela, a ex-Secretária claramente cometeu um crime e deve responder por isso. “É um acinte a todos os que foram afetados pela violência”. Ela cobra uma indenização de R$ 70 mil.

O processo também abarca o Ministério do Turismo, ao qual a Secretaria da Cultura é subordinada. Pouco depois de ter saído do cargo, Regina se desculpou pelas palavras em um artigo escrito para o “Estado de S. Paulo”, onde se explicou e dizia ter passado a impressão errada. “Me desculpo se, na mesma ocasião, passei a impressão de que teria endossado a tortura, algo inominável e que jamais teria minha anuência, como sabem os que conhecem minha história”.

Sobre o autor

Kelly Lima
Kelly LimaWeb designer por curiosidade, Desenhista por amor, Gestora de RH por teimosia, acadêmica de Geografia por sorte e redatora nas horas vagas. Twiiter: Kelly Nivelly (@KNivelly)
Fale com o autor: [email protected]
Conheça nossa redação. Ver equipe.

Escolha do editor

Comentários

O que você achou?
Compartilhe com seus amigos: