Bolsonaro inventa cargo na Cinemateca que não pode dar a Regina Duarte; Entenda

O cargo prometido à atriz não pode ser reivindicado pelo governo federal.
O cargo prometido à atriz não pode ser reivindicado pelo governo federal.
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Na última quarta-feira (20), Regina Duarte e o presidente Jair Bolsonaro divulgaram um vídeo para anunciar a saída da atriz do comando da Secretaria de Cultura para assumir um suposto cargo de liderança na Cinemateca. Os impasses surgiram logo em seguida, pois a instituição responsável pela preservação da memória do cinema nacional passou do controle do governo federal para a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), desde 2018. 

Isso quer dizer, em resumo, que o presidente não possui poder de indicação para nenhum cargo na Cinemateca e terá, se quiser cumprir a palavra, que correr atrás de estratégias para garantir a entrada de Duarte na equipe administrativa do órgão, seja com uma saída jurídica ou criando formas de reintegrar a Cinemateca ao governo federal, o que não seria nada prático. 

A atriz, que protagonizou uma entrevista preocupante na CNN, com deboches às mortes por coronavírus e gargalhadas diante de assuntos sérios, também simboliza uma preocupação para a instituição sediada em São Paulo, que enfrenta um período de crise financeira, segundo informações do ex-diretor, Carlos Augusto Calil, que criticou a decisão de entregar um cargo que sequer existe para Duarte. 

“Em meados de maio e não recebeu ainda nenhuma parcela do orçamento anual, cujo montante é da ordem de R$ 12 milhões”, disse Calil, também ressaltando a intervenção do Ministério da Cultura em 2013, "que destituiu sua diretoria e retirou-lhe a autonomia operacional, vem enfrentando um processo contínuo de enfraquecimento institucional que culmina na atual ameaça de total paralisia”. 

Após anunciar a saída da Secretaria da Cultura, Regina Duarte publicou um vídeo no Instagram seguido por legenda, teoricamente, emblemática. "Continuo acreditando no sonho de achar o caminho do meio. Vou lutar sempre por escapar do ambiente raivoso que acomete parte do setor, um grupo que trabalha quotidianamente não para construir nada mas para separar os criadores de arte , impondo o atraso , impedindo a conexão de TODOS", disse a atriz.

Confira a publicação:

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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