Bolsonaro dispara fake news antigas de pedofilia e comprova escudo anti-consequência

Presidente voltou a disparar acusações infundadas contra a esquerda
Presidente voltou a disparar acusações infundadas contra a esquerda
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

O presidente Jair Bolsonaro já está envolvido com a política há décadas, e até o momento, nenhuma de suas afirmações, ataques e crimes de responsabilidade constatados renderam algum tipo de retorno grave. Trata-se de um escudo anti-consequência comprovado pelo simples fato de que o atual presidente do Brasil pode falar o que quiser, na hora que bem entender, mesmo que sejam afirmações completamente falsas. 

Na última terça-feira (14), Bolsonaro utilizou sua conta no Twitter para disparar novos ataques contra a esquerda, afirmando que os opositores tentam descriminalizar a pedofilia. Para quem ainda se lembra, o presidente fez afirmações semelhantes a esta por diversas vezes no passado, e em todas elas, foi comprovado de que se tratava de fake news, mas mesmo assim ele insiste em disseminar as informações, que já são consideradas testamentos irrefutáveis pelos apoiadores fiéis do presidente, transformando a luta pelo fim da desinformação uma corrida que mais parece uma piada inexplicável. Veja a publicação de Bolsonaro:

Entre os comentários, centenas de apoiadores elogiam os feitos de Bolsonaro e aproveitam o gancho para também lançarem seus ataques diretos - muitas vezes violentos - à esquerda, que para estes pode ser qualquer um que não apoie o ídolo nacional. Mas, é claro, há também a legião de internautas que tenta expor as mentiras de Bolsonaro, que tem passado os dias isolado em um quarto no Palácio da Alvorada após confirmar diagnóstico positivo para Covid-19.

Com Covid-19, presidente passa o dia isolado em quarto no Palácio da Alvorada
Com Covid-19, presidente passa o dia isolado em quarto no Palácio da Alvorada
Com Covid-19, presidente passa o dia isolado em quarto no Palácio da Alvorada

"Então por que o senhor homenageou um pedófilo, o ex-presidente do Paraguai Alfredo Stroessner, no início do ano passado? É pelo mesmo motivo que o faz ter milicianos como amigos pessoais, ou um estuprador como Brilhante Ustra como ídolo pessoal?", disse um internauta. "Nunca me dirigi ao senhor nessa rede! Mas fazer esse tipo de afirmação é digno de dó! Pedofilia é um dos piores crimes da humanidade! Ninguém é favorável a discriminalizar pedofilia! Pare de mentir e cuide da População!", disse o cantor Tico Santa Cruz. 

Leia também: Facebook liga assessor de Bolsonaro a esquema de fake news

São comentários que certamente colocam as afirmações de Bolsonaro em cheque, mas engana-se quem acredita que seus apoiadores vão se sensibilizar com a verdade. Cada vez mais crentes de que o presidente é a escolha certa pra "limpar" o país, seus fãs demonstram radicalidade com qualquer tipo de oposição e já desligaram os sensores pessoais de interpretação e racionalidade social há muito tempo. 

A origem do boato

A notícia falsa que relaciona pedofilia à esquerda e ao público LGBTQI+ foi importada dos Estados Unidos em 2017. Na época, o boato sustentado por portais brasileiros como Terça Livre, Expresso Diário e Portal Livre afirmavam que pedófilos passaram a se intitular "MAP" ("pessoa atraída por menores", na tradução da sigla em inglês), e eram aceitos entre LGBTs.

A sigla, entretanto, foi criada por uma organização norte-americana que trata pedófilos como uma forma de classificar os pacientes, e não como forma de aceitação. Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro utilizou as fake news para acusar o concorrente Fernando Haddad de compactuar com a descriminalização da pedofilia. 

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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