Ministros do STF tentam impedir a bolsonarista Bia Kicis na presidência da CCJ
Fiel apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, Bia Kicis, que também é um dos nomes investigados no chamado inquérito das fake news, aberto em 2019 para apurar ataques infundados contra o Supremo Tribunal Federal (STF), foi indicada para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. No entanto, ministros do STF criticam firmemente a nomeação da deputada, avaliando-a como uma desmoralização dos trabalhos da comissão.
Ela, que é alvo de investigação do STF, pretende diminuir as interferências do judiciário: "Não quero o STF interferindo nas minhas funções de parlamentar", afirmou Kicis em entrevista ao Estadão/Broadcast. Para os ministros, se Kicis assumir o comando da comissão, a interlocução da CCJ com o Judiciários seria totalmente inviabilizada.
Nos bastidores, acredita-se que a indicação oficial de Bia acontecerá somente após o carnaval, e é nesta informação que os ministros do STF se apoiam para buscar uma solução de retira-la do caminho da presidência da CCJ.
Bia Kicis já criticou o uso de máscara, elogiou todos os feitos de Bolsonaro durante a pandemia, se juntou a gritos violentos dos internautas em ataques à oposição e, além das fake news, é investigada por atos antidemocráticos contra o Congresso e o STF, e já defendeu o impeachment dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além de ter sido a primeira parlamentar a protocolar um projeto de lei para retirar a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19
Suas ações seguem um fluxo irracional de apoio a Bolsonaro e demonstram os esforços que as esferas de poder nacionais precisam desempenhar para impedir nítidas falcatruas esquematizadas pelo bloco conservador. A vitória de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na Câmara e no Senado, respectivamente, abre margens para novas uniões entre o Centrão e Bolsonaro, transformando a oposição em um grito que carece cada vez mais de esperança.
Kicis conversa com o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos líderes da bancada evangélica na Câmara, para aprovar um projeto que inclui na lista dos crimes de responsabilidade a "usurpação de competência do Congresso Nacional" por parte de ministros do Supremo. Entre suas prioridades na CCJ, a parlamentar deve focar na reforma administrativa, ensino doméstico, e projetos contra a obrigatoriedade da vacinação.