Por que Trump quer adiar as eleições nos EUA? Veja os motivos

Presidente dos EUA diz que o voto pelo correio pode gerar fraudes irreparáveis
Presidente dos EUA diz que o voto pelo correio pode gerar fraudes irreparáveis
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Na última quinta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que as eleições de novembro deveriam ser adiadas para outro período, mas, talvez por sequer saber sobre os limites do próprio poder como presidente, esbarrou em um problema: ele não pode agir por conta própria para modificar a data das eleições. 

A constituição norte-americana dá às legislaturas estaduais e ao Congresso a capacidade de definir as datas oficiais, e não dá nenhum poder de decisão ao presidente. O artigo 2 da constituição dos EUA, que descreve os poderes do poder executivo, concede especificamente ao Congresso o poder de definir o "momento" em que os estados escolhem seus eleitores presidenciais. Em 1845, o Congresso definiu o dia para a escolha dos eleitores presidenciais como terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro em um ano de eleição presidencial. O Congresso pode mudar a data da eleição alterando a lei, mas o presidente não pode fazê-lo unilateralmente.

A vigésima emenda também diz que o mandato de quatro anos do presidente e vice-presidente termina em 20 de janeiro, e também pede que os mandatos dos membros do Congresso comecem no dia 3 de janeiro. 

Por que Trump quer adiar as eleições?

Trump questiona a legitimidade das eleições de 2020 há meses, e chegou a alegar que as cédulas por correio podem fazer com que os votos sejam roubados, gerando uma eventual fraude nas eleições. As alegações, entretanto, não possuem nenhuma evidência de apoio e ainda deixam o presidente em uma situação delicada em que perde gradativamente os apoios políticos locais e fragmenta suas chances de se reeleger. Isso não o impede de criar a narrativa que bem entende, gerando questionamentos e incógnitas entre os eleitores mais duvidosos sobre a legitimidade do método de votação. 

As cabines de voto darão lugar à votação pelos serviços postais norte-americanos
As cabines de voto darão lugar à votação pelos serviços postais norte-americanos
As cabines de voto darão lugar à votação pelos serviços postais norte-americanos

Especialistas já disseram que Trump pode estar armando um plano de contestar a apuração dos votos em novembro, sobretudo porque espera-se que haja uma longa espera pela oficialização do resultado, o que poderia fazer com que ele use o atraso para reivindicar a própria vitória. Os tweets de Trump também têm funcionado como uma tática de distração de outros ciclos de notícias nacionais, com destaque mais recente para a crise econômica no país. 

Trump não é o único a argumentar contra o voto pelo correio. Republicanos também contestam a medida, apesar dos estudos que apresentaram uma ótima margem de segurança para as eleições deste ano. Uma análise do Washington Post com 14,6 milhões de votos expressos em três estados que enviam automaticamente uma cédula a todos os eleitores encontrou apenas 372 casos de dupla votação ou votação em nome de uma pessoa morta. Um estudo diferente dos casos de fraude eleitoral mantidos pela conservadora Heritage Foundation encontrou apenas 143 casos de condenações criminais envolvendo cédulas de ausentes nos últimos 20 anos. Isso representa 0,00006% do total de votos expressos durante esse período, valor bem menor do que a própria margem de erro natural das votações eleitorais mundiais. 

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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