Helicóptero sobrevoa escola em Cuiabá após professora criticar Bolsonaro

Uma cena inusitada foi registrada nesta quinta-feira (2), em Cuiabá. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o exato momento em que um helicóptero do Ciopaer (Centro de Integração de Operações Aéreas), vinculado à Secretaria de Segurança Pública (Sesp), sobrevoa a escola Notre Dame de Lourdes, supostamente em protesto contra uma professora que criticou as condutas do presidente Jair Bolsonaro. 

Com direito a uma bandeira do Brasil, o helicóptero permaneceu pairando sobre o colégio, provocando uma reação impressionada de vários alunos, que utilizavam seus aparelhos celulares para registrar o momento. Nas imagens, é possível perceber que a ação gerou muita ventania no local, espalhando objetos e desorganizando a área externa da instituição. 

Em nota, a Sesp-MT afirma que o sobrevoo do helicóptero foi realizado a pedido direto da direção da escola em comemoração à Semana da Independência, afastando possibilidades de conotação política na ação, que, curiosamente, acontece um dia após o afastamento da professora responsável por criticar Bolsonaro. 

“Na manhã desta quinta-feira (02.09), como parte das atividades da Semana da Pátria realizada pelo Colégio Notre Dame anualmente, o Ciopaer realizou um sobrevoo no local, a pedido da própria instituição educacional, conforme ofício em anexo", diz a Secretaria no comunicado, explicando que a bandeira do Brasil teria sido mostrada aos alunos sem qualquer vínculo com protestos políticos, "mas no intuito de demonstrar o patriotismo nesta que é uma data importante para o país". 

A Sesp-MT também esclarece que membros do Ciopaer estiveram no colégio na última quarta-feira (1º) proferindo palestras e orientações aos alunos sobre o tema "segurança pública". 

Assista ao vídeo que mostra o helicóptero do Ciopaer sobrevoando o Colégio Notre Dame de Lourdes:

O afastamento da professora que criticou Bolsonaro foi defendido por uma das dirigentes da instituição, a Irmã Marluce, que aplicou uma suspensão de 3 dias contra a professora que falou sobre a desvalorização do povo indígena, o desmatamento e a insistência infantil do presidente a favor do voto impresso. 

A suspensão da educadora foi repudiada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público do Estado de Mato Grosso (Sintep), que classificou o episódio como uma conduta covarde e estarrecedora.