Marielle Franco faria aniversário nesta segunda-feira; Veja as homenagens
Marielle Franco completaria 41 anos nesta segunda-feira (27) se estivesse viva, e apesar dos mistérios ainda ativos sobre quem ordenou seu brutal assassinato, as homenagens assumem o lugar das contestações e transformam a data de aniversário em um dia para exaltar os incríveis feitos da socióloga que lutou bravamente contra a injustiça e, consequentemente, a favor da minoria oprimida brasileira, desafiando as figuras do conservadorismo político no cenário nacional com a valentia de uma guerreira destemida, fato que, infelizmente, lhe rendeu um final trágico e ainda sem respostas.
Formada pela PUC-Rio, Marielle concluiu o mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense com a dissertação "UPP: a redução da favela a três letras". Seu instinto social sempre esteve conectado ao povo e a constante discriminação que sofrem, e não é à toa que ela tenha trabalhado em organizações da sociedade civil, a exemplo do Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm) e a Brasil Foundation, além de coordenar a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) juntamente com Marcelo Freixo, que lembrou o aniversário da colega e disparou novamente os questionamentos que continuam assombrando parte considerável dos brasileiros:
Marielle completaria hoje 41 anos se não tivesse sido tirada de nós de forma tão bárbara. Exigimos Justiça. Quem mandou matar Marielle Franco e por quê?
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) July 27, 2020
A trajetória de Marielle não foi fácil. Sua militância em direitos humanos foi impulsionada pela trágica morte de uma amiga, vítima de bala perdida num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré, durante o pré-vestibular comunitário. Se isso não bastasse, ela precisou encarar os desafios da maternidade com apenas 19 anos, quando sua filha, Luyara Santos, nasceu.
Duplamente focada entre os cuidados da filha e as causas sociais, ela nunca deixou de lado a luta direta pelos moradores da favela, das mulheres e de quaisquer outros membros da sociedade que se sentiam excluídos, marginalizados e violentados pelos golpes gratuitos constantes do conservadorismo brasileiro.
Confira algumas das homenagens a Marielle Franco no dia em que ela completaria 41 anos:
Hoje, Marielle Franco faria aniversário. Hoje é dia de lembrar sua luta! ❤️✊🏿 pic.twitter.com/naC8qRzMN2
— PSOL 50 (@psol50) July 27, 2020
Hoje Marielle Franco completaria 41 anos. É dia de lembrar sua luta e, há 866 dias sem resposta, perguntar: quem mandou matar Marielle e por quê? pic.twitter.com/kL2vbYjNLd
— Manuela (@ManuelaDavila) July 27, 2020
Hoje, 27 de julho, Marielle Franco completaria 41 anos.Ela lutava tanto pelos direitos humanos e das minorias que foi assassinada cruelmente em 2018 e até hoje não se fez justiça. Sua luta, sua voz e tudo que ela representa não podem ser esquecidos. pic.twitter.com/qMBdgZ93Vc
— Juliana Castro (@JulianaSoraJu) July 27, 2020
Marielle Franco faria 41 anos hoje, se não tivesse sido executada numa tentativa de calar sua voz.Mas isso não vai nos impedir de ecoar: PARABÉNS MARIELLE FRANCO! Seguiremos reverberando suas lutas e sua história.#MarielleFranco #MariellePresente #Marielle41Anos pic.twitter.com/Y1zPuC0HYl
— Mídia NINJA #JulhoDasPretas (@MidiaNINJA) July 27, 2020
Hoje Marielle completaria 41 anos e sua voz e seu legado permanecem presentes nas lutas de todas e todos por justiça. Exigimos respostas: Quem mandou matar Marielle Franco e por quê? Marielle semente!Marielle, presente! -Arte: Gladson Targa#equipe #Marielle41Anos pic.twitter.com/CHKMF1HJDB
— Natália Bonavides (@natbonavides) July 27, 2020
O caso Marielle Franco
A vereadora do Psol e seu motorista Anderson Gomes foram executados a tiros em 14 março de 2018, no Estácio, Região Central do Rio de Janeiro, mas até hoje as investigações seguem em andamento para descobrir quem foram os reais mandantes do crime, que chegou a ser relacionado com o presidente Jair Bolsonaro depois que um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, afirmou à Polícia Civil que o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que dirigia o veículo de onde foram efetuados os disparos contra Marielle, teria interfonado para a casa 58, pertencente ao presidente, e teria se dirigido à casa 65, de Ronnie Lessa, que entrou para a lista de acusados de efetuar os disparos.
A ambiguidade surgiu quando comprovou-se a presença de Bolsonaro em Brasília no mesmo dia, fato que levou a procuradora Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, a refutar o depoimento de Queiroz.
A execução aconteceu logo após a participação de Marielle em um debate promovido pelo Psol com jovens negras na Casa das Pretas, na Lapa. Ela deixou o local aproximadamente às 21h e foi instantaneamente seguida de perto por um Cobalt, que por volta das 21h30 se emparelhou com o veículo da vereadora e efetuou uma série de disparos.
Em 27 de maio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou por unanimidade a federalização da investigação sobre a morte de Marielle e Anderson Gomes. O pedido de federalização foi apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a rejeição, as investigações seguem sob comando da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com informações recentes da promotora de Justiça Simone Sibilio, os avanços no caso, apesar de ainda não atingirem uma conclusão, são significativos, sobretudo devido à complexidade das execuções, que segundo ela foram efetuadas por "profissionais do crime, com ampla formação militar e vasto conhecimento sobre como agir sem deixar rastros". Segundo ela, o acesso a informações do Google e do Facebook são o maior empecilho para aprofundamento das investigações, mas se depender de sua equipe, há grandes chances de obter uma resposta. "Posso garantir o absoluto empenho da nossa equipe, que resultará na elucidação do caso, com o esclarecimento se houve ou não a figura do mandante", esclareceu a promotora em março.