Entidades repudiam ofensas de Bolsonaro a repórter da Folha

Apoiadores do presidente riram das insinuações na saída do Palácio da Alvorada
Apoiadores do presidente riram das insinuações na saída do Palácio da Alvorada
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

A repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, foi ofendida com insinuações sexuais nesta terça-feira (18) por Jair Bolsonaro. Na ocasião, o presidente da república debochou da atuação da jornalista na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional responsável por fazer apurações aprofundadas sobre o disparo de mensagens falsas, a CPMI das Fake News, fazendo menção ao episódio da semana passada, em que o empresário Hans River disse ter recebido "insinuações" da repórter para tentar obter informações sobre o caso. 

River é ex-funcionário da "Yacows", empresa de marketing digital com suposta participação direta em um poderoso esquema de disparo de mensagens através de redes sociais durante o período de campanha presidencial para as eleições de 2018, desqualificando os partidos concorrentes ao PSL e criando distorções das informações, além de criar notícias sem nenhum tipo de evidência ou fonte concreta. 

"Olha, a jornalista da Folha, tem mais um vídeo dela aí. Eu não vou falar aqui porque tem senhora do meu lado. Ela falando eu sou a 'tatata' do PT. Tá certo? E o depoimento do Hans River, foi no final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele. Ela queria um furo. Ela queria dar um furo... a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele já dizia que eles chegavam perguntando 'o Bolsonaro pagou para você divulgar informações por Whatsapp?", disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada nesta terça, 18, arrancando algumas gargalhadas de seus apoiadores.

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) repudiaram o discurso do presidente em resposta a Patrícia:

"A Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) protestam contra as lamentáveis declarações do presidente Jair Bolsonaro ao ecoar ofensas contra a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo", inicia a nota, abrindo espaço para críticas com relação às insinuações sexuais proferidas por Bolsonaro e a necessidade de se privar o povo de informações verdadeiras. "As insinuações do presidente buscam desqualificar o livre exercício do jornalismo e confundir a opinião pública. Como infelizmente tem acontecido reiteradas vezes, o presidente se aproveita da presença de uma claque para atacar jornalistas, cujo trabalho é essencial para a sociedade e a preservação da democracia", encerra o comunicado.

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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