Jimmy Lai, magnata da mídia pró-democracia de Hong Kong, é preso sob a Lei de Segurança Nacional
Jimmy Lai, magnata da mídia de Hong Kong conhecido por seu apoio ao movimento pró-democracia da cidade e por suas críticas à China, foi preso sob suspeita de "conluio" com forças estrangeiras, segundo a polícia local, que prendeu pelo menos nove pessoas. A operação faz parte da nova Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim no mês passado. Veja o momento em que Lai é escoltado por agentes da polícia:
Jimmy Lai, who is a UK citizen, is handcuffed and and escorted to a van. Arrested for alleged foreign collusion, he is so far the highest-profile arrested after national security law was inserted by Beijing. Police says he is also arrested for committing fraud. #HongKongProtests pic.twitter.com/Vi4okmLhUv
— Ezra Cheung (@ezracheungtoto) August 10, 2020
De acordo com a emissora pública RTHK, entre os presos estão vários altos executivos do Apple Daily, que fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook em que mostra a polícia realizando buscas na redação da empresa.
A acusação de conluio com potências estrangeiras contra Lai acarreta pena máxima de prisão perpétua, mas o magnata tem experiência com enfrentamentos ao governo. Ele tem sido um financiador declarado do movimento pela democracia e adversário do controle de Pequim sobre Hong Kong e, como tal, tornou-se uma figura de destaque no território.
Em 2014, oficiais anticorrupção invadiram as casas de Lai e de seu assessor, Mark Simon, depois que documentos vazados revelaram que Lai havia doado milhões de dólares a grupos e indivíduos pró-democracia antes dos protestos da campanha de desobediência civil em Hong Kong. Um jornal rival publicou um obituário falso dele, afirmando que ele morreu de Aids e câncer.
A mídia estatal chinesa o chama de “apoiador do motim”, um “traidor moderno” e “mão negra”. Ele foi rotulado como um membro de uma nova Gangue dos Quatro conspirando contra Pequim ao lado de Anson Chan, Martin Lee e Albert Ho. Desde os protestos do ano passado, Lai foi preso pelo menos três vezes, geralmente por causa de acusações referentes a supostas organizações ou incitações a protestos ilegais. Lai também estava entre as 25 pessoas acusadas de assistir a uma vigília do massacre na Praça Tiananmen em 4 de junho.
A atual prisão, porém, está entre as primeiras desde que a lei de segurança foi imposta em 1º de julho. A lei criminalizou a subversão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras e, no final do mês passado, prendeu quatro membros de um grupo pró-independência liderado por estudantes por supostas ofensas separatistas nas redes sociais. Dez pessoas também foram presas durante um protesto em 1º de julho.