Dia D do tarifaço: governo lança pacote de socorro com crédito ao agro e compra de perecíveis
Medidas emergenciais buscam minimizar impactos das tarifas dos EUA sobre exportações brasileiras


Nesta quarta-feira (6), o Brasil vive o chamado "Dia D do tarifaço", com a entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre uma fatia significativa das exportações nacionais. Para enfrentar o baque, o governo federal anunciou um pacote de socorro voltado especialmente ao agronegócio e aos produtores de alimentos perecíveis, como pescado, frutas e mel.
O tarifaço, decretado pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, incluindo produtos de alto valor agregado e forte peso na balança comercial. Entre os mais afetados estão carne bovina, café, frutas frescas e pescados, setores que já vinham pressionando Brasília por respostas rápidas.
Como parte do pacote emergencial, o governo vai ampliar as linhas de crédito do BNDES para produtores rurais e agroindústrias impactadas. O objetivo é garantir capital de giro e facilitar a busca por novos mercados, com juros subsidiados e carência estendida para pagamento. Técnicos do Ministério da Fazenda estimam que a medida pode destravar até R$ 20 bilhões em empréstimos, aliviando o caixa das empresas enquanto buscam alternativas à exportação para os EUA.
Outra frente do plano é a compra governamental de produtos perecíveis que perderam mercado externo. O Ministério da Agricultura já iniciou o mapeamento dos estoques de pescado, frutas e mel que correm risco de encalhe. A ideia é adquirir esses itens para abastecer programas de alimentação escolar, hospitais públicos e cestas básicas, evitando desperdício e garantindo renda aos produtores.
Além disso, o governo estuda flexibilizar exigências para uso de ingredientes naturais em alimentos industrializados, como sucos e iogurtes, ampliando a demanda interna por frutas nacionais. O pacote também prevê negociações diplomáticas para tentar reverter ou suavizar as tarifas, mas a expectativa é de que o impacto imediato seja amortecido pelas medidas econômicas.
O setor produtivo avalia que o pacote é um alívio inicial, mas cobra ações estruturais para diversificar mercados e fortalecer a competitividade do Brasil no cenário internacional.
