Morre em acidente de avião no MS o arquiteto chinês criador das 'cidades-esponja'
Kongjian Yu, referência mundial em urbanismo sustentável, estava no Pantanal para conhecer o bioma e discutir soluções para enchentes


O arquiteto chinês Kongjian Yu, reconhecido internacionalmente como o criador do conceito de 'cidades-esponja', morreu nesta terça-feira (23) em um acidente de avião no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Yu, de 62 anos, era referência em projetos urbanos que aliam sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. Ele estava no Brasil para uma série de compromissos, incluindo a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e uma visita técnica ao Pantanal, quando a aeronave de pequeno porte caiu na região de Aquidauana.
Yu nasceu em uma vila rural na província de Zhejiang, na China, e construiu uma carreira marcada por inovação. Doutor pela Universidade Harvard e professor da Universidade de Pequim, ele fundou o escritório Turenscape, responsável por transformar mais de 70 cidades chinesas com soluções baseadas na natureza. O conceito de 'cidade-esponja' propõe o uso de áreas verdes, parques e sistemas naturais para absorver e reter a água da chuva, prevenindo enchentes e melhorando a qualidade de vida urbana.
O arquiteto veio ao Brasil para compartilhar experiências e debater alternativas para eventos extremos, como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024. Durante sua passagem, Yu destacou a importância de integrar infraestrutura verde aos projetos urbanos, defendendo que a natureza pode ser aliada fundamental na luta contra desastres climáticos.
Além de Yu, outras três pessoas estavam a bordo do avião, incluindo profissionais brasileiros ligados ao audiovisual e ao turismo. O grupo realizava gravações para um documentário sobre soluções ambientais inovadoras. Segundo autoridades, a aeronave caiu em uma área de difícil acesso e explodiu ao atingir o solo. Não houve sobreviventes.
O legado de Kongjian Yu vai além das fronteiras da China. Seu trabalho inspira cidades de todo o mundo a repensar a relação com rios, chuvas e espaços públicos. A morte do arquiteto representa uma grande perda para o urbanismo global, especialmente em um momento em que o planeta busca respostas para os desafios das mudanças climáticas.
